A vida não se resume em apenas um clique – Parte 1

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Não sei como os jovens aprendem hoje em dia… tenho a sensação de que não se aprofundam em nada, uma aprendizagem bem rasa se comparada com os meus tempos de escola. E dentro desse contexto de conhecimento moderno, percebo muitas vezes até uma certa arrogância em algumas pessoas que pensam que vão resolver qualquer dúvida, problema, deficiência ou carência em apenas algumas tecladas na internet, o que está longe de ser verdade.

O padrão educacional seguido nos últimos 30 anos pelas escolas brasileiras, na minha opinião, parece ser um dos grandes responsáveis por essa leva de jovens profissionais dispersos, que demonstram em gestos contidos, falas minimalistas e atitudes reivindicativas um grau elevado de desconhecimento para onde estão indo e o que de fato vão fazer de suas vidas, especialmente no âmbito profissional.

À exceção desses jovens aficionados em tecnologia que inventam algum aplicativo inteligente, dão uma boa tacada, vendem sua descoberta por uma fortuna e depois somem, sem saber muito bem o que fazer com tanto dinheiro, (e muitas vezes não fazem mais nada de interessante e ninguém mais ouve falar neles), o restante da garotada atual me parece perdida com tanta informação, ainda mais agora em tempos de pandemia, onde a escola também ficou virtual e precisam ficar grudados no computador ou smartphone para seguirem em suas formações escolares.

Eu gosto de pesquisar e analisar sobre esses jovens que da noite para o dia se tornam pessoas muito bem-sucedidas financeiramente e fico na dúvida se é bom ou ruim para eles.

Fico me perguntando se não seria melhor que isso fosse acontecendo degrau por degrau, com dedicação constante e progressiva ao negócio, mantendo mente ocupada estrategicamente em ritmo crescente de vitórias, acertos e consequente sucesso.

Sou adepto da política de que quanto mais se trabalha, mais se vive e mais se instrui, mais coisas conseguimos realizar. O aprendizado não pode acabar nunca e se você não lê, não conversa ou aprende algo novo com uma outra pessoa, fica estagnado ou segue a maioria, o que também não é bom.

Mas, você pode estar pensando, “os jovens bem-sucedidos com a tecnologia podem sempre montar outra coisa” … pois é… mas parece que ficam com a síndrome do não vou conseguir fazer algo tão incrível de novo e acabam optando por investir no mercado financeiro, aplicar na bolsa ou algo parecido para continuar fazendo mais dinheiro sem grandes esforços.

Só que trabalhar, produzir e colher frutos que se renovam a cada período faz falta e dá sentido à vida.

As pessoas que hoje estão na casa dos trinta e poucos anos, muitos deles ainda viverão mais 50, 60 anos pela frente e o que vão fazer da vida?

Se eu ficasse sem a minha empresa e sem o meu trabalho de planejar as reinvenções constantes para a sobrevivência dela, sentiria a maior falta e, possivelmente, não teria chegado aos 82 com toda a energia e criatividade que tenho.

Todo mundo tem que acordar e ter um sentido para o dia. Exercitar a cabeça, o raciocínio, os neurônios, os hormônios… Renovar o sentido da vida.

Eu tenho 4 netos e tenho uma preocupação enorme com eles em termos de futuro. São tantas facilidades, hoje é tudo tão mais simples de obter respostas… que fico me perguntando, daqui a pouco, o que as pessoas terão para fazer no mundo? Quais atividades? Como vão ocupar o tempo?

Por outro lado, todas as facilidades em obter respostas com a ajuda da tecnologia, não quer dizer que a pessoa saiba o que vai fazer com as informações obtidas e pode até contribuir para que o grupo de cabeças não pensantes fique cada vez maior.

Hoje em dia, até na prática de esportes a coisa está meio estranha, se comparada com a época dos meus filhos, por exemplo; hoje a garotada quer experimentar todos os esportes, mas não se dedica para ser campeão em nenhum. Coisa esquisita!

(Eu fui campeão de voleibol, vela… e acho que pelo menos em alguma coisa a gente precisa se dedicar e vencer! Buscar ser muito bom naquilo que escolher praticar e para isso vai precisar treinar, insistir, perder, ganhar, lutar!  Por que dessa forma, mesmo que não consiga subir no pódio, vai turbinar a autoestima.)

Por exemplo, esses meninos que jogam bem futebol e são campeões, não é porque eles são diferentes dos outros, é porque eles gostam da bola, eles treinam o dia todo e querem vencer (muitas vezes até porque essa pode ser a grande oportunidade profissional deles, o ganha-pão!)

O ser humano precisa saber fazer bem alguma coisa, desenvolver um talento que vá se aprimorando!

Penso que o jovem hoje pensa que a vida é um clique. Tudo vai se resolver em apenas um clique! Ele não consegue imaginar que tem coisas que precisam ser feitas paulatinamente, com dedicação e treino constantes para aí, sim, colher os louros da vitória.

Eu fico sempre com a sensação de que sou mais feliz do que qualquer outro jovem dos dias atuais, que costumam ter muitas dificuldades de se mexer. Gostam de ficar quietinhos no canto deles. Daqui a pouco vão ficar entrevados, com a mão enorme, deformada (de tanto mexer no celular e jogar games!) e toda a musculatura do corpo comprometida.

Eu que não sou adepto de ficar horas deslizando os dedos pelo celular, já fico com dor em todo o braço só de usar o WhatsApp, Google e redes sociais.

Mas enfim, é o que temos no momento, e eu prefiro nem ficar pensando muito nisso para não ficar agoniado. Prefiro interpretar que se trata do mal do século! Torcer que se reverta em coisas boas. Em pessoas do bem!

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