Como viver bem, sem ofender ninguém

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A cada dia, me convenço mais de que o segredo da boa longevidade não inclui apenas os cuidados com o bom funcionamento do corpo externo e órgãos internos; cuidar da alimentação, se exercitar e ficar atento à reposição vitamínica.

Ok! Essas são coisas vitais.

Mas o que rege a nossa vida são as nossas atitudes.

Cuidar das atitudes. Da nossa forma de agir conosco e com os outros.

Entendo isso como sendo uma das coisas mais difíceis da vida, mas que uma vez que a gente aprende, a vida fica mais leve, mais fácil! E seguindo nesse viés de pensamento, a atitude mais importante que precisamos aprender é: SE COLOCAR NO LUGAR DAS OUTRAS PESSOAS.

Como eu reagiria se estivesse no lugar da pessoa tal?

Antes de analisar uma pessoa, precisa tentar se conter na hora de elencar as críticas.

Sempre achei muito cruel qualquer pessoa que chega para outra e começa a dizer “você é isso, aquilo e aquilo outro”.

(E na realidade a gente não se encontra, não se percebe com o que aquela pessoa está dizendo. Quantas tias e professores me falaram coisas que não tinham nada a ver comigo! E falaram com tanta propriedade que poderiam ter me convencido!)

Antes de julgar uma pessoa precisa se colocar no lugar dela, analisar vários pontos.

Minha maior escola de aprender a analisar as atitudes minhas e de muitas outras pessoas foi no ambiente corporativo das empresas que administrei.

No início da minha carreira, a Ramenzoni Chapéus tinha mais de 2000 funcionários e os Ramenzoni queriam dar assistência diferenciada para essas pessoas.
Convivi com muitos chefes em suas pré-conceituações de alguns membros de suas equipes.

Quantas vezes um desses chefes chegava para mim e dizia “a pessoa tal é bacana, competente, mas…”

Ah! Como eu tinha e continuo tendo antipatia por essa palavrinha tão pequena e com tanto potencial adversativo: mas…

Uma conjunção que muitas vezes só serve para causar oposição, contraste, designar protegidos e não protegidos. Culpados e inocentes.

Essas situações foram me ensinando um negócio muito importante: alinhar conversas, pontos de vistas e julgamentos precipitados através de uma linguagem clara e objetiva pode gerar entendimento, cessar conflitos. Sempre achei muito valioso ter cuidado com as palavras para facilitar a comunicação.

Certa vez, em uma dessas conversas de escritório, precisei falar para uma pessoa:

“Escuta, amigão, você está percebendo que está querendo prejudicar uma pessoa?”

(Na maioria das vezes nós não percebemos, mesmo!)

“Não! Não é isso!”

“É isso, sim! Você é chefe dele, dela… antes de falar qualquer coisa, coloque-se no lugar dessa pessoa, analise a vida que essa pessoa tem, o que ela está passando, as pedras que está encontrando pelo caminho!”

E quantos transtornos foram evitados com essa minha postura de ser.

Temos que saber muito sobre uma pessoa antes de criticá-la ou elogiá-la e precisamos ter credibilidade e conhecimento para fazer isso.

Em conversa com um amigo, há cerca de três anos, nós tínhamos visões diferentes sobre uma terceira pessoa, discordamos em vários pontos e ele começou a brigar comigo para fazer valer a sua opinião.

Em dado momento, eu o interrompi e disse “espera um pouco, você já se colocou no lugar dele? Por que você está defendendo tanto esse cara?”

Ele não respondeu, eu continuei:

– Ele é doente?

– Não! 

– Ele é fraco? Está passando alguma dificuldade financeira incontornável?

– Não!

– Falta alguma coisa na vida dele?

– Não!

– Então, se você acha tudo isso, por que o está defendendo? Ele precisa se virar! Resolver o problema dele do jeito que ele quer ou entende ser o melhor caminho. Você está quase me culpando pelas atitudes tomadas por ele. Ele é tão meu amigo quanto seu, mas os problemas pessoais dele, ele precisa resolvê-los de acordo com o pensar dele. Para de se meter no lugar dele, a vida é dele, a decisão precisa ser dele.

Meu amigo continuou bravo comigo, nossas ideias estavam controversas e ele foi embora sem conseguir mudar a minha forma de pensar.

Ficamos dois ou três meses sem nos falarmos até que um belo dia, quando nos reencontramos por acaso ele veio até mim e disse:

– Dante, você tinha razão, me desculpe pelo desenrolar de nossa última conversa.

Eu continuei o tratando da mesma forma amigável de sempre, por que para mim não foi nada ofensivo, eu sou bem mais velho do que esse amigo, tenho mais experiência e vejo a vida com olhos mais compreensivos.

Então, meus amigos, se vocês querem uma vida longa, saudável e leve, além de cuidar muito do corpo e da mente, é bom começar a aprender a se colocar no lugar do outro, se sensibilizar com a situação da pessoa, de modo a interpretar melhor o que aquela determinada pessoa está sentindo naquele momento.

Quando aprendemos a nos colocar no lugar de outra pessoa, isso passa a ser como uma ferramenta que nos ajuda a destrinchar situações vivenciadas por nossos entes queridos, possibilitando o entendimento de seus pontos de vista e ações.

À medida que aprendemos a ser mais empáticos, vamos construindo novos caminhos que nos levam a ter sucesso nos nossos relacionamentos e isso é fundamental para vivermos mais e com maior qualidade de vida. Sem contar que sempre podemos aprender muito através da convivência e do compartilhamento de ideias, com humildade.  

Além disso, a percepção das dificuldades que os outros possuem nos faz refletir sobre as nossas.

Quantas e quantas vezes, acreditamos estar enfrentando a maior injustiça do mundo. Pensamos ser alvos da conspiração universal que visa nos derrubar. Quando vemos a proporção dos problemas que as outras pessoas vivenciam, percebemos que nossas dificuldades não dão nem para fazer cócegas.  

O exercício de se colocar no lugar do outro é compreender o momento ao qual esse vivencia. Muitas vezes, você vai precisar abrir mão temporariamente de suas vivências e caminhos aos quais escolheu e enxergar o problema sob a ótica do outro. Com leveza. Sem ver chifre na cabeça de cavalo.

Quando eu estava muito inquieto, querendo fazer valer a minha opinião nos acontecimentos familiares diários ou na escola, minha mãe dizia “Dante, abaixa o facho!”

Entre outros significados, facho significa uma luminosidade alta, direcionada e também “uma vegetação seca facilmente inflamável”. Trocando em miúdos, fachos atrapalham a visão ou podem queimar.

Ou seja, uma expressão bem propícia para encerrar essa prosa de hoje.

Até a próxima!

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