Onde mora a felicidade?

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Falar de felicidade é um tema espinhoso, de muitos vieses, mas também é um tema necessário para podermos avaliar alguns aspectos importantes da nossa vida.  

Será que a felicidade tem endereço certo ou pode ter várias moradas espalhadas por aí? O que eu posso fazer para ser feliz?

Carlos Drummond de Andrade, considerado o maior poeta brasileiro do século XX, dizia que “ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade”.

Ao ler esses dizeres poetizados, eu me pergunto: quantos de nós pensamos como Drummond ou escolhemos viver seguindo essa filosofia?

Se você não tem um motivo específico, como ser feliz do nada?

Talvez ainda tenhamos muito a percorrer para entender essa tal felicidade, mas e se estivermos procurando algo que vive tão próximo e nem percebemos, talvez dentro de nós mesmos?

Onde será que mora a felicidade?

Gosto de pensar que a felicidade se revela nas coisas mais simples da vida, basta ter o desejo de encontrá-la, sem perder tempo com pessoas ou fatos negativos.

Digo isso por que, por mais incrível que pareça, existem pessoas que ficam felizes quando estão infelizes e pra mim é muito difícil entender isso. Eu tenho notado por exemplo, que existem algumas pessoas que gostam de contar notícias ruins e se sentem felizes sendo porta-vozes de contratempos e desconfortos alheios.

Se estou assistindo TV e começa a passar notícias de assassinatos, acidentes ou qualquer tipo de cena de violência, saio correndo na hora. O mesmo acontece com jornais e revistas sensacionalistas. Se já aconteceu, não me interessa saber os detalhes pois isso me entristece.

Eu tive esse exemplo na minha família, onde existia uma pessoa que gostava de alardear óbitos, contar em primeira mão quem tinha morrido. Agora imagina, com tanta coisa bacana para falar e fazer nessa vida, qual a vantagem ou prazer de contar que um amigo em comum havia morrido? Essa pessoa optava por passar os dias falando sobre a morte de pessoas que muitas vezes ele nem conhecia ou havia convivido. Não dá, né?

Por outro lado, a felicidade é uma busca de todos nós. Em um estudo com mais de 10 mil participantes de 48 países, os psicólogos Ed Diener, da Universidade de Illinois, e Shigehiro Oishi, da Universidade de Virgínia, descobriram que pessoas de todos os recantos do mundo consideram a felicidade mais importante do que outras realizações pessoais altamente desejáveis, tais como ter um objetivo na vida, ser rico ou ir para o céu.

Para mim, na maioria das vezes, a felicidade vem acompanhada de uma sensação de paz e contentamento, e essa sensação surge de onde menos se espera e de forma muito simples.

Por exemplo, às vezes, eu estou em minha casa e me dá vontade de olhar o céu, para ver como está a temperatura, a nuance de cores etc. Isso é uma atividade muito simples, mas que me deixa muito feliz.

O céu está aí, disponível para todos os seres que queiram desfrutar de sua beleza, mas “no meu pedacinho de céu”, sem nem perceber, consigo meditar e observar tantos detalhes lindos da natureza!  Faço isso porque gosto, e se gosto é porque estou me sentindo feliz. 

Isso é uma coisa tão comum, mas deixa de ser comum quando passamos a perceber a beleza que nos cerca com outros olhos.

Quando paro tudo para olhar o céu, também observo as pessoas caminhando pela rua, entregadores que sobem e descem de suas motos e bicicletas, carros que vão e vêm, às vezes a chegada da chuva, em outras os raios de luz do sol.

E vejo passarinhos lindos de vários tipos, famílias inteiras de micos que caminham nos cabos elétricos da rua, a mãe na frente e os filhotes seguindo atrás, e então eles atravessam a rua pelos fios! E fico encantado sem nem perceber. Um espetáculo sensacional, que eu gosto e que me faz feliz.

Outra coisa simples e que me deixa muito feliz é ir até o Posto Lago Azul, localizado no Km 58, da Rodovia dos Bandeirantes, só para realizar as minhas apostas e ficar na torcida de um dia ser contemplado. (Imaginem que eu comecei a fazer essa parada estratégica para fazer “uma fézinha” em diversos jogos de loteria, desde 1972, quando passei a presidir a Papirus e viajava para Limeira toda semana.)

Nesse ponto da história, você deve estar com vontade de me perguntar: “E aí, Dante, nesses 50 anos você já ganhou muito dinheiro na loteria?”

Acho que nesses anos todos ganhei alguns trocados umas 4 ou 5 vezes, mas posso garantir que o índice de felicidade que a expectativa de ganhar me trouxe é imensurável!

A poucos dias, em um destes sábados ensolarados, peguei a minha moto e fui até lá só para jogar, tomei um café acompanhado de pão de queijo e depois voltei para casa. Dá para imaginar a sensação de felicidade que vou ter se um dia acertar as seis dezenas da mega-sena?

Pensando dessa forma, o poeta Drummond foi feliz com a frase que eternizou, porque ser feliz sem um motivo mirabolante, é uma forma genuinamente autêntica de ser feliz.

A felicidade pode morar no céu, na Terra, no mar, na gratidão, no abraço amigo, na gentileza em tratar as pessoas, em qualquer coisa que você não tenha feito propositalmente para ser feliz, mas que você fez porque gosta.

Na minha opinião, quem gosta da natureza, se sente feliz!

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